UFO #1: Extraterrestres da ficção - Por que humanoides?

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Saudações, meu querido leitor! Esta é a postagem de estréia da nova coluna aqui do blog intitulada "Uma Ficcional Odisseia" (Sim, dei uma forçada na barra para conseguir a sigla "UFO"). A qual possui como função elaborar divulgação científica, utilizando para isso alguns conceitos apresentados em diferentes mídias, que sejam baseados em algum conceito científico ou até mesmo algo mais imaginativo, e compará-los com alguns conceitos presentes na literatura científica atual.

Para iniciar, decidi trazer para vocês uma das dúvidas que trago a muito tempo comigo: O que faz com que grande parte dos seres extraterrestres de diferentes meios de ficção sejam idênticos a nós? A presença de seres com tais características em outros cantos da galáxia seria plausível se recorrermos a diferentes teorias aceitas na ciência? Para conseguirmos responder essas questões, precisamos entender o que é aceito como vida, qual a teoria aceita atualmente de como ela se formou e discutirmos se seria possível sua origem em outro lugar do cosmos, nos focando em uma evolução que possibilitaria seu formato humanoide.

A postagem ficou realmente grande, para aqueles que já conhecem a teoria de evolução, conceito de vida e sua origem, e não deseja reler todo esse conteúdo novamente, recomendo que pule para o tópico "A vida fora do planeta Terra", se você não conhece muito bem esses conceitos da biologia, recomendo que leia a postagem completa para um melhor proveito de seu conteúdo.

O que é a vida?
Não, não esse tipo de vida.
Existem em meio a academia diferentes definições para o que é um organismo vivo. O grande problema é que acaba sendo complicado classificar alguns organismos em meio aos seres vivos, tal qual ocorre com o vírus, que até hoje existe uma discussão na academia sobre sua posição.

A ciência e a definição de vida apresentam uma relação conturbada, não conseguindo encontrar uma definição perfeita para a vida, correndo o risco de um dia não consegui-la (uma relação parecida com a que você tem com aquela friendzone de anos).

Para meio pratico, considerarei nessa postagem em questão como organismo vivo todo aquele que consegue interagir de forma ativa com o meio, retirando dele elementos para sua sustentação, crescimento ou procriação, e possuindo ainda a capacidade de auto-organização interna.

A origem e evolução da vida

Representação ilustrativa da possível "cara" do planeta Terra após sua formação.
Há 4,5 bilhões de anos nosso planeta se formou, e logo no início de sua existência tudo indica que encontraríamos uma atmosfera composta de gases como o metano, amônia, gás hidrogênio e vapor d'água. Esses gases estavam constantemente submetidos a um bombardeamento de radiação ultravioleta, descargas elétricas e explosões vulcânicas, energia suficiente para modificar as moléculas presentes na atmosfera, transformando-as em moléculas mais complexas, em sua parte orgânicas (como a união macarrão, cenoura, batata doce e frango em uma panela com água no fogo). E da interação dessas moléculas orgânicas complexas resultou a formação do primeiro organismo vivo (basicamente uma sopa monstrona).

Leo Stronda não curtiu muito a analogia.
Com o passar do tempo, esse primeiro organismo se reproduziu por meio de mitose, processo de duplicação celular, no qual a célula em questão se divide em duas cópias iguais, mas por se tratar de um ser simples, possivelmente suas divisões eram falhas e os organismos que originavam dele apresentavam modificações em seu material genético. Essas modificações são aleatórias, provocadas por mutação genética durante a reprodução, e fazem com que seus descendentes apresentem estruturas que facilitem ou atrapalhem sua sobrevivência em um determinado meio.

Aqueles indivíduos com características que facilitam a sobrevivência se reproduzem e passam essas características para seus descendentes, enquanto aqueles que apresentam uma característica que prejudica sua reprodução e sobrevivência acabam morrendo sem conseguir passar seu material genético para uma próxima geração.

Esse processo realizado entre a interação das diferentes mutações no decorrer de diferentes gerações com a modificação do meio em que os organismos estão presentes, são conhecidos como evolução, e não a aproximação de uma pedra do trovão no seu pikachu (para entender melhor os conceitos e o contexto histórico de evolução, recomendo que assista esta playlist do canal Eu, Ciência).
Pikachu bolado ao descobrir que a evolução de Pokémon não tem nada em comum com a teoria da Evolução.
A vida fora do planeta Terra

Um ambiente parecido com o presente em nosso planeta em sua origem poderia muito bem apresentar o desenvolvimento da vida e a seleção natural de diferentes organismos complexos. Pela quantidade absurda de planetas presente em nosso universo, existe a possibilidade de alguns planetas apresentarem as condições favoráveis para o desenvolvimento da vida como a conhecemos. Como a temperatura que possibilite a presença de água em estado líquido (como já foi observado em alguns estudos sobre os sistemas estelares da nossa vizinhança).

Mas, (finalmente) entrando no ponto central desta postagem, o que faria com que essa vida tenha se desenvolvido ao ponto de organismos extraterrestres serem idênticos aos seres humanos de uma forma plausível no meio da ficção? A seguir listarei alguns possíveis fatores que possibilitariam tal evento:
  • O nosso formato corporal é o ideal para o surgimento de uma "capacidade intelectual elevada"
    Aparentemente temos a fórmula do sucesso em nossos corpos, a simetria bilateral facilita nosso deslocamento, nossas mãos conseguem manipular muito bem o ambiente e diferentes objetos que auxiliam em sua exploração, nossas estruturas sensoriais (e as presentes em nossos ancestrais) possibilitaram um maior desenvolvimento de nosso sistema nervoso central. E tudo isso faz com que nossa história evolutiva seja a unica possível para o surgimento de vida com uma formação social complexa e com a criação de ferramentas a partir de modificações de seu meio, que possibilitem a saída de seu planeta e contato com outros seres. O que, como analisarei na conclusão, seria algo improvável de se acontecer.
  • Antropocentrismo OWNA!
    Ao olhar diferentes períodos históricos, podemos notar que o ser humano sempre quer se colocar como o principal motivo de tudo o que existe. Há pouco tempo acreditávamos que nosso planeta era o centro do universo, só com a criação do primeiro telescópio e com os primeiros estudos sobre os diferentes corpos celestes conseguimos notar que tal teoria estava errada. Ainda hoje gostamos de pensar que o universo é algo criado para nós, simplesmente para ter um objetivo em nossas vidas e isso acaba sendo refletido na visão de diferentes roteiristas e artistas que tentam retratar seres extraterrestre.   
Um exemplo de antropocentrismo na Terra: Alguns seres humanos ainda se classificam como o ápice de evolução e da cadeia ecológica, quando na realidade fazem parte de um meio maior, junto com os outros organismos.
  • Falta de criatividade ou uma origem diferente criada pelo roteirista/escritor
    Como um casal poderia adotar um alienígena, que, no futuro, se tornaria um jornalista influente, salvando o planeta com seus superpoderes ainda assim passando despercebido? Como um redator de um guia intergaláctico poderia observar os terráqueos se passando por um ator desempregado, se no lugar de um tronco e quatro membros utilizados para locomoção e manipulação do meio possuísse oito tentáculos? A existência de seres extraterrestres humanoides facilitam muito o desenvolvimento de um roteiro, já que não é preciso criar um determinado mecanismo para facilitar o contato entre o extraterrestre e seres humanos. Além de na produção de um determinado filme ser mais fácil pintar um ator de azul, ou mudar suas sobrancelhas e colocar orelhas pontudas para interpretar um personagem vindo de outro sistema solar.
Definitivamente, uma maquiagem não muito complicada.

Concluindo..

A grande facilidade com que encontramos seres idênticos a nós vindos de outros planetas em diferentes obras possui pouca ligação com a possível probabilidade de tal fenômeno ocorrer, tendo uma maior influência da facilidade como que a espécie será trabalhada em seu roteiro, ou simplesmente existe uma outra explicação extraordinária sendo explicada, criando em sua grande maioria uma invalidação de alguns conceitos científicos aceitos atualmente (Como ocorre na série de livros O Guia do Mochileiro das Galáxias, em que os seres humanos derivam da espécie dominante da galáxia, não sendo fruto de evolução de nosso planeta).

Para que consigamos visualizar um ser vivo que tenha passado por um processo de evolução que tenha o tornado idêntico a nós, é necessário imaginar que o meio e a as interações vividas pelos seus antepassados tenham que ser, no mínimo, muito próxima as ocorridas com os nossos antepassados. Isso quer dizer que todos os organismos com que seus antepassados interagiram, e todos os ambientes dos quais eles habitaram deveriam ter levado a seleção das mesmas características genéticas aleatórias que ocorreram em nosso planeta durante a evolução de nossa espécie, evento, esse, praticamente improvável. A menos que grande parte do que conhecemos (ou achamos que conhecemos) esteja errado sobre tudo.

Podemos observar que grande parte do conteúdo ligado a seres extraterrestres presentes na cultura de ficção científica está fortemente influenciado por diferentes fatores, tanto por criatividade artística, como por aqueles que são limitantes, o que acaba deixando de lado grande parte do conteúdo construído pela ciência. A vida extraterrestre é possível, assim como essa com formato humanoide, mas diferente da primeira, se levar em conta diferentes fatores biológicos acaba se tornando improvável.

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